quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entrevista Chic: Sérgio Machado, o brasileiro que ajuda a ditar tendências




A holandesa Lidewij Edelkoort é uma das figuras mais importantes dos bastidores da moda. Sob o seu sobrenome funciona um birô especializado em desvendar as tendências dos próximos anos - não só em moda, mas em comportamento, arquitetura etc.


A convite da revista Marie Claire, Li deu uma palestra ontem (22.09), em São Paulo, apresentando as linhas mestras do verão 2011. Para o time Edelkoort, é a água que vai liderar as movimentações da moda daqui a um ano. Seja na lavagem dos jeans; na vontade de ter uma vida simples e de roupas leves; ou nos tecidos, cores e silhuetas baseados na textura das algas ou na forma dos peixes.



O que poucos sabem é que Li Edelkoort tem um simpático dedo brasileiro nas suas pesquisas sobre o futuro da moda. É Sérgio Machado, que viaja o mundo ao seu lado há 12 anos e já trabalhou ao lado de John Galliano. A seguir, um pouco desse personagem, que caiu na alta roda fashionista por acidente.

Como você chegou a Li Edelkoort?

Eu participei, em 1994, do Smirnoff Fashion Awards. Ganhei a etapa nacional, representei o Brasil em Dublin e peguei o segundo lugar. Lá fui abordado por Abe Hamilton, um dos jurados, que gostou do meu trabalho e ofereceu um estágio em Londres. Fiquei por lá um ano e meio, consegui um emprego na Vivienne Westwood e me mudei para Paris.

Mas já trabalhava com moda no Brasil?

Sai daqui mais ou menos advogado. Sou formado em direito, mas trabalhei em publicidade, fiz crepe na barraquinha da Benedito Calixto. Antes de ir para Londres, eu não tinha nenhuma base de moda.

Seu trabalho com a Li é na análise de tendências?

Eu faço um caderno, chamado "The key", que é voltado para o mercado prêt-à-porter, sportswear e streetwear. Nele eu tento dar informação em termos de tendências de forma, cor, materiais, detalhes. Sou o diretor criativo desse caderno, que é semestral.

Como é o processo para chegar nas tendências?

É um trabalho de educar sua intuição, na verdade. Você tem que estar ligado nos sentidos, o tempo todo. Ligado no olhar, no paladar, no que você come, cheira e toca. E nas palavras, em leituras, exposições... Daí você vai filtrando tudo aquilo e, uma hora, sai uma ideia geral. Depois a gente divide em temas, e trabalha em cima de cada um.

E por saber tudo o que vem por aí, a vida não perde um pouco da emoção?

Não, não sou tão blasé assim (risos).

Qual é o ponto alto do seu trabalho?

A melhor parte é esse processo, essas pesquisas. É viajar o mundo, ver pessoas, o que elas estão vestindo, o que comem, como se comportam. É descobrir, é uma busca profunda o tempo todo. Muito se fala no fim das tendências.

Como vocês, que trabalham diretamente com isso, encaram esse assunto?

Eu acho que a palavra "tendência" foi vulgarizada, banalizou. Todo mundo faz tendência, fala que é tendência. Mas o importante também é descobrir o indivíduo, o que é bom para você, e não o que é ditado. A gente não trabalha com apenas uma tendência, de falar "ah, amanhã a cor é o amarelo". A gente dá direções de comportamento, de estilo, para as pessoas encaixarem na sua vida. É um caminho abstrato, então.É abstrato, bem abstrato. A gente não dita tendências.

Do teu currículo, entre Vivienne Westwood, John Galliano e Ocimar Versolato, quem você escolhe?

Eu não sei, acho que cada macaco no seu galho...

Mas com quem você aprendeu mais?

Aprendi mais com o Galliano, com fiquei três anos e meio. Com a Vivienne eu fiquei só uma estação, e duas estações com o Ocimar.

Como era lidar com o Galliano?

Ele é barbaro. Eu trabalhei entre 1995 e 1997, enquanto ele ainda estava na Givenchy e o começo na Dior. É uma pessoa incrível.

Não é a diva que aparenta ser?

Ele é uma diva.

Fácil de lidar?

Depende. Toda diva tem seus momentos.

E trabalhar com a Li, como é o dia a dia?

Somos três no Studio, em Paris, abaixo dela, que se dividem nos projetos, nos cadernos. Eu ando sempre com a Li, viajo com ela, a gente pesquisa junto. Ela é difícil de lidar às vezes, mas é bárbara. O tempo todo você está aprendendo, ela tem uma visão única, te ensina a olhar. Ela põe, sem querer, o meu olho em coisas que eu não teria visto. É um treino que não acaba nunca.

Fonte: http://chic.ig.com.br/materias/515501-516000/515925/515925_1.html

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