Em Vitória, Jum Nakao fala com exclusividade para L’Officiel“Antes minha relação com as pessoas era mediada através da roupa, hoje não estou interessado nos movimentos dos corpos, mas no movimento das intenções e das vontades.”
Vitória, 10 de setembro de 2009 - Jum Nakao falou sobre sua consagrada performance “A Costura do Invisível” para uma platéia lotada, no auditório do Centro de Convenções onde acontece o II Vitória Moda Show. Sempre em seu tom suave e compenetrado, o artista ilustrou todo o processo de criação do seu polêmico desfile de despedida do São Paulo Fashion Week em 2004.
Após a lúdica apresentação, Jum conversou com a equipe do site sobre suas inquietações e sua constante busca por uma arte transformadora, consciente e permanente.
Tido pelo SPFW como o desfile da década de moda brasileira e, recentemente, como um dos mais importantes desfiles do século XX pelo Museu de Moda de Paris, “A Costura do Invisivel” segundo Jum, é tão comentada até hoje por falar diretamente ao presente, sobre questões que existem até hoje e por isso geram identificação. “Minha preocupação hoje ainda é a mesma, as mudanças necessárias não aconteceram. E se continuarmos trilhando esse caminho, onde iremos parar?”, questiona o artista.
Crente que o caminho para transformar o mundo é formar pessoas, Jum tece sua crítica ao universo da moda: “o mundo não precisa que as pessoas se vistam melhor, ele precisa de pessoas melhores”.
A cada palestra ele revive com visível intensidade a experiência do seu trabalho mais marcante, “mas existe sempre uma nova troca, pois a arte tem esse poder de identificação e transformação”, isso torna a experiência muito gratificante. “Um trabalho nunca está acabado”, afirma, “se a obra acaba, ela está morta”.
Para ele uma obra de arte permanece viva, eternizada, quando há essa química entre a sua mensagem e as pessoas.
O artista ressalta que todas as pequenas coisas tem esse potencial de permanência na eternidade: “as pessoas não devem pensar que algo não vale a pena por que é só um instante e ninguém vai ver, afinal a vida é feita de instantes e tudo deixa marcas”.
Segundo o estilista, a mensagem vai existir sempre, enquanto as pessoas forem éticas em relação à vida. “Gostaria que as pessoas tivessem sempre essa ética com a vida e esse espírito de sublimação e a capacidade de ser leve, de buscar caminhos para um novo pensamento, de surpreender e dar novos sentidos na simplicidade das coisas banais. Não importa o que é feito, mas o como é feito, aí reside o encantamento”.
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