Para Ulrich Kuhn, presidente do Sintex – Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau, esta edição da Texfair Home 2011 se caracteriza por ser o primeiro encontro do setor, pós-crise do algodão, que possibilitou uma melhor avaliação sobre o caso. “No 1º dia da feira os stands e corredores estavam cheios e podemos perceber que esta crise é um processo que mistura realidade e ações especulativas. Sem dúvida, este problema refletirá no custo final dos produtos e mesmo com a regularização do fornecimento entraremos em um novo patamar de preços. Não vamos ter mais algodão barato mesmo com a safra recorde, mas precisamos manter o produto vivo e rentável e, para isso, precisamos criar mecanismos competitivos”, afirma Kuhn. A declaração do executivo aconteceu durante coletiva de imprensa concedida ontem, 22/01, durante a abertura da Texfair Home 2011.
Segundo Kuhn, a crise do algodão é um problema que afetou todos os grandes consumidores mundiais em momentos diferentes. “A partir de 2006, começou uma queda gradativa de safra e os estoques reguladores começaram a diminuir chegando a um ponto nevrálgico. Mesmo com o aumento físico das safras e a estabilização dos estoques reguladores a indústria mundial, e também a brasileira, terá que se readequar a um novo cenário”.
Para Kuhn, ações como aumento dos limites de financiamento, desoneração fiscal e a criação de linhas de financiamento para compras futuras são ações que poderão incrementar as retomada dos negócios e o crescimento do setor.
Na ocasião, Fernando Pimentel, diretor superintendente da ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção ressaltou o potencial brasileiro na produção de algodão, denominando-o de “ouro branco” e afirmando que o Brasil caminha para ocupar a 4ª posição mundial no ranking produtivo. “Atualmente, temos quantidade, qualidade e inserção global, mas temos que ficar atentos para que os produtos originários dessa matéria-prima também possam gerar riquezas. Corremos o risco de exportar demais e depois ter que importar”, alertou o executivo. Segundo Pimentel, a safra 2011 deve somar 2 milhões de toneladas, praticamente o dobro do volume produzido no ano passado. Até 2015, a expectativa é alcançar uma média de 3,5 milhões de tonelada /ano. Em relação aos têxteis para o lar (cama, mesa e banho), Pimentel destacou um projeto da ABIT, em parceria com a Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, enviado ao governo federal, que propõe que um percentual do financiamento para aquisição da casa própria possa ser direcionado para a compra de produtos para o lar. “Precisamos criar espaço dentro do financiamento para também vestir este novo lar”, completou o executivo ao justificar que o crescimento da demanda de têxteis para o lar no mercado interno também está amparado no bom desempenho do setor de construção civil. Dentre as medidas já negociadas com órgãos governamentais para minimizar os efeitos da crise do algodão, o executivo da ABIT destaca a liberação da importação de 250 mil toneladas de algodão totalmente isenta de impostos.
Argentina
Em relação à imposição de barreiras aos têxteis brasileiros pelo governo argentino, Fernando Pimentel foi categórico. “Falta para o governo brasileiro dizer um basta para o governo argentino. O modelo clássico de negociação da Argentina é fazer acordo e segurar a liberação. O vendedor se sente desestimulado e o comprador inseguro. Criamos uma comissão para avaliar as violações dos acordos dentro do Tratado do Mercosul”, destaca Pimentel. Também indignado com a situação, Ulrich Kuhn enfatiza que “pior do que deixar de embarcar, é perder mercado”. Atualmente, a Argentina representa 20% do total de exportações brasileiras no segmento de confeccionados.
Fonte:Textila
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