Confiram uma entrevista incrível com Graeme McMillan, designer que trabalhou junto com o Tinker na criação do Nike Air Max.
Air Max Day Graeme McMillan
Como surgiu o Air Max Zero?
Em
2014, a Nike comemorou o aniversário da família Air Max com o primeiro
Air Max Day. Para 2015, nosso desejo era fazer algo especial. Começamos a
nossa idealização com uma pesquisa dos arquivos, nos quase revisitamos
todas as execuções que tínhamos feito no passado com o Air Max.
Queríamos encontrar algo que se comunicasse com a relevância da Air Max
com a cultura contemporânea e a inovação. Isso nos levou a um esboço do
que se tornou o Air Max Zero.
Como você encontrou o esboço nos arquivos?
Eu
estava nos arquivos para outra reunião, alguns meses antes de este
projeto ser concebido. Eles tinham uma retrospectiva do Air Max em
exposição, com amostras e protótipos iniciais da primeira rodada de uma
série de modelos. Havia uma grande variedade de peças no arquivo e
protótipos para olhar. Era como uma escavação arqueológica desses itens,
que normalmente não se consegue ver, a menos que você trabalhe lá.
Eu
tinha visto o esboço antes da visita ao arquivo, mas não sabia da sua
relevância. Um membro da nossa equipe descobriu que ele era na verdade
uma ideia inicial para o Air Max 1 e, em seguida, trouxe a ideia para a
equipe de design. O esboço nunca foi totalmente realizado. Pensávamos
que seria ótimo se pudéssemos compartilhar isso com o mundo e expor um
pouco mais sobre o desenvolvimento da franquia.
Você estava ciente de um modelo Air Max anterior ao Air Max 1 antes de iniciar este projeto?
Eu
não estava ciente do que realmente aconteceu, mas sabia que existiam
diferentes esboços de conceito iniciais para o Air Max 1. Só depois de
cavar um pouco mais fundo e obter alguma informação sobre este esboço
que pudemos descobrir a história por trás dele.
O que você pensou quando viu pela primeira vez o esboço e ouviu a história que o acompanhava?
Meu
primeiro pensamento foi que ele parecia, de alguma forma, uma versão
mais contemporânea do Air Max 1. Ele é um pouco mais simples em termos
de design. Também vi detalhes que, para mim, estavam ligados a outros
calçados, fosse o Air Huarache, ou o Sock Racer. Havia um grande número
de detalhes que acabaram sendo encontrados em calçados que vieram
depois. Após conversar com Tinker Hatfield, descobrimos que todos os
detalhes do calçado foram considerados para chegar a essa ideia de
conforto e ajuste.
Como
você se sente ao saber que era sua responsabilidade tomar algo
desenhado há mais de 30 anos atrás, por um designer tão célebre, e
torná-lo em um produto real?
É
um pouco assustador assumir um esboço de um de seus ídolos do design e
alguém que é uma figura tão importante no design do sneaker culture. Há
uma responsabilidade de fazer jus ao design de forma que seja fiel à
intenção do mesmo, mas também de adicionar outro elemento de inovação ao
construir o calçado de uma forma que não teria sido possível em 1987.
Basicamente, pegamos o conceito do conforto, ajuste e leveza e o unimos a
alguns métodos contemporâneos de fabricação e inovação. Por exemplo, a
malha projetada e o Nike Flyknit não existiam naquela época. Por isso,
tivemos uma caixa de ferramentas completa com diferentes construções e
inovações que podem ser aplicados a este conceito. Para mim, ele deveria
voltar à ideia inicial, algo suficientemente confortável para o uso
diário.
Você consegue se lembrar de algo específico que Tinker mencionou que tenha dado uma ideia de como fazer as coisas começarem?
Tinker
mencionou que a intenção do design inicial era alcançar o conforto
máximo, utilizando diferentes materiais e métodos de construção. Pegamos
essas ideias e as passamos através de um filtro de inovações que não
estavam disponíveis na época. Além disso, Tinker afirmou que não
conseguiu encontrar materiais para realizar o ajuste desejado.
Especificamente, ele não conseguiu encontrar um material para a parte
superior que tivesse o estiramento e a estrutura certos para produzir um
ajuste semelhante a uma meia, conforme ele desejava.
Você pode nos guiar através de seu processo de design do Air Max Zero do início ao fim?
Começamos
com o esboço do conceito de 30 anos atrás. Tudo o que tínhamos que
fazer era tirar do papel. Havia uma série de considerações que abordamos
desde o início, isto é, “Como construir o calçado de forma relevante e
apoiando a intenção do projeto?” Também tivemos que decidir qual
entressola e sola nós deveríamos utilizar. Aconteceu que tínhamos
acabado de projetar o Air Max 1 Ultra Moire, o mais leve tênis Air Max 1
que já fizemos. O que o torna tão leve e diferente do original é o fato
de que tiramos o material do antepé e evitamos a construção em PU
derramado. Ele agora é feito com espuma Phylon. Após resolver esse
aspecto, bastava explorar diferentes materiais e métodos de construção
para a parte superior. Não queríamos construir um cabedal de corte e
costura convencional. Em vez disso, utilizamos um método de fusão para
aplicar películas finas às malhas. Isso nos permitiu construir a
estrutura e o apoio conforme necessário. Nós também usamos malha com
fios de monofilamento, que não estava disponível em 1987. Isso nos
permitiu chegar a uma parte superior lisa, mantendo a respirabilidade.
Ela possui um efeito único de dois tons, que dá uma dimensão extra ao
calçado.
Como Tinker se sentiu com relação à construção do calçado utilizando inovações contemporâneas?
Tinker
apoiou bastante o conceito. Desde a época em que desenhou o esboço
original, ele sentia que não tinha o material certo para criar a parte
dianteira do calçado.
Descreva o Air Max Zero e sua ideologia em uma palavra.
Inovador.
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