sábado, 4 de julho de 2015

Fabricado no Brasil - a indústria da moda pede socorro



Nos noticiários só ouvimos falar de crise, aumento e insegurança. O clima não anda nada bom e infelizmente nosso governo tem feito muito pouco para mudar isso, ou melhor, ele é o culpado por toda essa crise. 

No setor de moda tenho visto muitas empresas passando por momentos bem difíceis, talvez o pior dos últimos tempos. São lojas fechando, da Oscar Freire até o Bom Retiro. Não há quem esteja saindo ileso dessa história. 

Liquidações que começaram em Maio, marcas com 70% em suas peças mais sofisticadas e outras já lançaram seu verão 2016. O reflexo dessa história toda são milhares de desempregos na gigante e doente indústria da moda nacional. 

Temos que pressionar nossos governantes por maiores incentivos e menos burocracia, mas a fé neles anda cada dia menor e tudo isso ainda pode demorar muito. Então o que fazer de imediato? 

Acho que o mais sensato é que haja uma busca por produtos nacionais, fabricados aqui, que geram empregos na confecção (costureiras, cortadores, modelistas, estilistas, faxineiros, carregadores, pessoal do administrativo, marketing, porteiro...) na produção de moda com modelos, fotógrafos, maquiadores, stylists... e no varejo com lojistas, atendentes, gerentes... 

Valorizar o que é fabricado aqui parece um lema antigo, mas se faz cada dia mais necessário. 

Eu trabalho no Marketing de uma fábrica/marca de fitness (CCM) no Rio de Janeiro e sei o quanto está difícil manter um espaço adequado e confortável para os funcionários, refeitório com almoço e café da manhã, área de lazer, bons salários, etc. E tem me preocupado muito, pois cada um daqueles funcionários depende do salário não só por eles, mas para ajudar a manter suas famílias. 

Será que em breve teremos que produzir na China, Índia, Bangladesh ou qualquer outro país em que a mão de obra escrava seja "liberada"? E o que fazer com essas 200 famílias?  

Com esse desespero por quantidade trazida pelo fast-fashion, passamos a desejar em quantidade sem nos importar com qualidade e com todo o resto que envolve o produto e suas consequências. QUEM NUNCA SE PERDEU NA ZARA OU H&M QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA, não é que tenhamos que criar movimentos "anti" qualquer coisa, mas como fechar os olhos diante da desgraça que bate a porta?

Forever 21 e cia não trouxeram moda barata, elas estão trazendo o empobrecimento de toda uma indústria e a valorização do sistema escravizador e criminoso que existe nos países produtores de roupa barata. 

É hora de repensarmos nossos valores e começarmos a pensar que em tempos de crise, tudo o esforço é bem-vindo e toda ação pode ser útil não só para a moda, mas para todo o país. 

Fabricado no Brasil é melhor para a moda nacional, é melhor para todo o país. 

Fábio Monnerat 

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