segunda-feira, 22 de abril de 2013

Tamanho P, M ou G? Fim da confusão à vista...

Scanner humano colhe medidas do corpo de voluntarios para ajudar a industria a fazer produtos mais adequados ao consumidor Leo Martins / Agencia O Globo

Ao perguntar a um brasileiro que tamanho ele veste, a resposta, invariavelmente, é depende. Isso porque a falta de padrão da indústria nacional faz com que uma mesma pessoa possa ir do tamanho P ao G, do 38 ao 42, segundo a marca. É um problema que pode estar com os dias contados. Um estudo antropométrico inédito no Brasil é desenvolvido pelo Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil — Senai-Cetiq do Rio, com a ajuda de um aparelho chamado scanner humano, já utilizado pelas indústrias americanas e europeias. Já foram mapeadas as medidas de 6,5 mil brasileiros de todas as regiões do país. O estudo deve ser concluído até julho do ano que vem, e os dados vão gerar tabelas de medida padrão regionais e nacionais. Um investimento de R$ 5 milhões, em recursos próprios do Senai-Cetiq, que criará referências para a indústria aprimorar a precisão das numerações de suas confecções.

— Ainda resta colher as medidas de 3,5 mil pessoas para concluirmos o estudo, sermos creditados e acreditados nacional e internacionalmente. Mas a tabela da região Sudeste já ficará pronta no primeiro semestre deste ano —antecipa Flávio Sabrá, gerente de Inovação, Estudos e Pesquisas do Senai-Cetiq e coordenador do projeto.

A falta de padrão ou de um levantamento antropométrico — técnica científica de mensuração do corpo ou de suas partes — motivou até um documentário: “Fora do figurino — As medidas do jeitinho brasileiro”, do diretor Paulo Pélico, realizado entre 2007 e 2012, e que estreou na última sexta-feira nas cidades de Rio, São Paulo e Brasília.

É que hoje, apesar de haver referenciais estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a moda infantil e masculina, a maioria dos fabricantes ainda usa medidas estrangeiras para fabricar roupas, calçados e móveis. Segundo Marcos Fernandes Gonçalves, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo, a prática se repete desde meados do século XX, quando o poder de compra da população estava nas mãos de brasileiros com ascendência europeia.

O documentário mostra ainda que o problema aflige do homem urbano ao índio, da dona de casa às apresentadoras de TV pela perda de tempo e dinheiro, além de inibir compras pela internet. A falta de regulamentação ainda possibilita que o mercado lance mão de alguns truques, alerta Ariel Vicentini, coordenador de Tecnologia do Senai-Cetiq:

— Há marcas que usam uma modelagem maior, mas vendem como um número menor, para que o cliente se sinta psicologicamente magro.

Apesar de o estudo antropométrico ser referência para indústrias no mundo inteiro, no Brasil, o tema ainda é polêmico. O presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), Roberto Chadad, por exemplo, defende a manutenção dos padrões referendados pela ABNT.

— O estudo do Senai-Cetiq nos servirá apenas para conferência. Quem merece crédito são os varejistas. Eles têm melhor conhecimento do corpo do brasileiro que vestem. Há 16 anos discutimos esse tema com a ABNT. Esse levantamento contou com a participação de dois mil modelistas — destaca o presidente da Abravest.

Padrão para Calçado na segunda fase do estudo

De acordo com a superintendente do Comitê Brasileiro de Normalização Têxtil e do Vestuário da ABNT, Maria Adelina Pereira, os padrões infantil e masculino foram estabelecidos num consenso, a partir das tabelas de medidas usadas pelas empresas, numa espécie de média. Ambas as normatizações são de adesão voluntária. Chadad antecipa que até o fim deste ano a ABNT finalizará as medidas para a confecção feminina, que corresponde a 60% do mercado.

Alheio a polêmicas, o Senai-Cetiq comprou mais dois scanners humanos, investimento de R$ 160 mil, e outros dois específicos para captar com precisão as medidas dos membros superiores, inferiores e extremidades do corpo, que serão usados, numa segunda fase do projeto, para gerar medidas para a indústria calçadista e de equipamentos de proteção (como luvas e capacetes).

Saiba como funciona o mapeamento

Hábitos: O voluntário, entre 18 e 65 anos, responde a questionário sobre hábitos de consumo

Cabine: Usando uma lingerie especial, feita de malha e poliéster, o voluntário se posiciona na cabine, onde, por incidência de luzes brancas, por 60 segundos, são mapeadas 100 medidas de seu corpo. As informações são enviadas a um computador, que cria uma imagem tridimensional

Fita métrica: O voluntário ainda tem 21 medidas colhidas com uso de fita métrica por um técnico

Tabelas: Os dados resultarão em tabelas com medidas padrão nacionais e regionais para homens e mulheres adultos.

Tomara que o mercado absorva essas medidas bem rápido, vai ser ótimo para todos, principalmente para facilitar as compras nos e-commerces. 

Fonte:OGlobo

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