terça-feira, 11 de outubro de 2011

O 1º Congresso de Negócios da Moda do IBModa foi um grande passo para a Moda carioca



Meio atrasado, mas ainda em tempo vou comentar sobre o 1º Congresso de Negócios da Moda que aconteceu nos dias 5 e 6 deste mês no Parque Lage, Rio de Janeiro. Infelizmente não pude ir ao 1º dia do evento, mas vou relatar um pouco do que vi no 2º dia. 

A escolha dos palestrantes foi muito boa, pudemos conferir histórias e pontos de vista bem interessantes, claro que  há sempre uma promoção pessoal, mas isso é inevitável, no geral o saldo foi positivo e espero que venha o segundo e uma sequência de congressos capazes de fortalecer a moda nacional.

Algumas mudanças precisam ser feitas, mas é o 1º e, por isso, merece todos os descontos, creio que não deva ser fácil assumir a responsabilidade por algo desse tamanho em um mercado tão complexo como o Rio de Janeiro. A equipe do IBModa está de parabéns, sempre à frente de grandes mudanças para a moda em nosso estado.

Um evento que, na minha opinião, deve ser um evento obrigatório para todos que estão envolvidos com o mercado de moda no Rio de Janeiro.

Ricardo Leite Crama Desig, Karlla Girotto e Felipe Caprestano da Dalila Textil

O 1º painel do segundo dia falou sobre o "Design como fator de diferenciação - Como gerar valor por meio do design?" - Quem abriu o tema foi Ricardo Leite sócio-diretor de criação da Crama Design Estratégico, que fez um mix de informações sobre a velocidade do mundo e como os produtos devem fazer sentido para as pessoas para que elas consigam prestar atenção nas coisas que oferecemos. 

Ricardo Leite chegou a brincar com um fato que viu recentemente nos EUA: “Fiz uma viagem à Disney recentemente e uma coisa me chocou muito: eles estão fazendo vários tipos diferentes de Mickey, uns com cores vibrantes, outros com roupas alteradas, outros transfigurados. Meu Deus! Ninguém respeita mais nada nessa vida, nem o Mickey!” (em tom irônico). Ele fazia uma referência à inexistência de barreiras na avalanche de inovações que o mercado tem sofrido e que vai continuar sofrendo, para ele estamos em um momento novo, não há respostas prontas, estamos descobrindo coisas novas a cada dia.

A segunda apresentação foi de Felipe Caprestano, designer da Dalila Têxtil e responsável pelo blog Face Couture. Caprestano falou sobre algumas mudanças que vem fazendo na Dalila para deixá-la mais competitiva e em sintonia com os reais desejos dos consumidores, para isso foi implantado o “coletivo criativo” processo pela qual há uma grande quantidade de pessoas de diversas áreas contribuindo para que a coleção de estampas da Dalila consiga atingir os mais diversos públicos.

Além do trabalho na Dalila, Caprestano falou sobre o trabalho autoral no blog/projeto Face Couture www.facecoutureproject.com, que é um projeto particular e bem interessante por misturar arte e moda... Vale conhecer.
 
Por fim a estilista/consultora Karlla Girotto falou em sua apresentação sobre a necessidade de sistematização do processo de criação. “Como devemos nos relacionar com um mundo que estimula a gente o tempo todo, buscando a intensidade da nossa sensorialidade? Fica difícil escolher um caminho. O tempo inteiro temos nossa atenção tentando ser captada”.

Para Karlla, o mais importante é entender o desejo do consumidor, naquele determinado momento, e devolvê-lo em forma de roupa, ou seja lá qual for sua área, para ela, o que faz uma coleção ser um sucesso ou um fracasso é exatamente esse entendimento do desejo do seu target naquele exato momento. Karlla ainda nos deixa algumas perguntas bastante pertinentes e que deveriam fazer parte do nosso dia: “O que te faz criar um objeto entre tantos já existentes?”- O vigor criativo está naquilo que intrinsecamente nos sensibiliza, Aquilo que Karlla chama de “verdade” de intenção. Somente a “verdade” de intenção é capaz de produzir potência nos objetos. 

Eu super concordo com as ideias apresentadas pelos três palestrantes e creio que o caminho seja esse mesmo, tentar achar algo que faça sentido para as pessoas, pois já estamos cheios de produtos, queremos algo que realmente faça sentido, algo bem mais conectado com a emoção do que com a razão.

Fernando Sigal da Reserva, André Robic IBModa, Patrícia Oliveira e Regina Araujo da Mercatto

O 2º painel falou sobte "Identidade de Marca - A marca como fator gerador de negócios. A marca é essencial para empresas de moda?" Quem abriu o tema foi Luciane Robic - a organizadora do evento- que interpelou os palestrantes com uma pergunta que daria o tom do que a platéia veria dali por diante: “Antes de começarmos eu gostaria de fazer uma pergunta. Patrícia, quanto é que custa uma calça jeans na sua marca?”, perguntou Luciane, ao que a palestrante respondeu: “R$ 39”. “E na Reserva, Fernando, quanto custa uma calça jeans?”. “Das mais baratas? R$ 399”, retribuiu Fernando. Estava dado ali, naquele painel de tema “Identidade de marca: marca como fator gerador de negócios”, o antagonismo de posicionamento empresarial.

As duas marcas (Reserva e Mercatto) contaram um pouco de suas histórias e mostraram que com determinação, muito trabalho e compreensão do desejo do cliente é possível criar marcas de sucesso em qualquer que seja o seu segmento de mercado.

Enquanto a Reserva pensa fazer trabalhos que a posicionem como um produto de luxo, a estratégia de negócio da Mercatto visa o volume. “A intenção da Mercatto é oferecer ótimas oportunidades de compra. Uma boa oportunidade, para a maioria das pessoas, quer dizer preço. O preço é uma parte da identidade da marca. Apesar disso, o conceito de popularidade quer dizer tão somente que todo mundo conhece, não que o produto não é bom”, definiu Patrícia Rodrigues de Oliveira, que ocupa a superintendência de Marketing da Mercatto.

Das duas palestras, a que mais me impressionou foi a Marcatto, achei incrível como eles conseguiram criar uma equipe poderosa, que, pelo que parece, ama trabalhar pela marca, um verdadeiro time Mercatto, não por acaso, a marca conseguiu se diferenciar nesse universo tão concorrido e confuso da classe C e D. Uma verdadeira aula de trabalho em equipe.

Enfim, um evento poderoso e importante para a moda nacional... Com certeza estaremos no próximo!

Fábio Monnerat

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