sábado, 25 de setembro de 2010

A tecnologia têxtil está na moda


O varejo de moda no Brasil é um dos setores que mais tem se expandido nos últimos anos. Segundo dados do IBGE, o crescimento nos segmentos tecidos, vestuário e calçados, somente no primeiro semestre de 2010, foi de 10,1%. Este crescimento faz com que estes setores tornem-se cada vez mais atrativos, principalmente em regiões com menor oferta de produtos. Além disto, exige que o desenvolvimento de produtos seja mais eficiente, a fim de que o varejo possa oferecer uma ampla variedade de produtos, a valores mais competitivos. Sem dúvida alguma, investir em pesquisas, design, modelagem é primordial.

Mas em que pé estamos no que se refere ao emprego e conhecimento sobre os mais diversos tipos de materiais têxteis (fibras, fios, tecidos, malhas e acabamentos), hoje oferecidos pelo mercado? As opções são quase infinitas, se formos considerar os tipos de fibras têxteis e suas classificações, as variações em processo de produção de fios, tecidos e malhas,  além da ampla gama de acabamentos, os quais abrem espaço para a utilização de cores, efeitos, texturas e propriedades dos mais variados. Os responsáveis por produtos, estilistas e compradores, tem conhecimento suficiente sobre todas esta possibilidades? Conhecem mesmo o que estão desenvolvendo e entregando aos consumidores?

Como resposta inicial para estas perguntas, podemos dizer que há espaço para evoluirmos. Quanto mais se conhece sobre as infinitas possibilidades de materiais a serem utilizados, maiores são as possibilidades de desenvolvimento de produtos aliados a custos mais reduzidos. Ou ainda, mais elaborados e sofisticados, com maior valor agregado. Tudo isto sem falar na diminuição da ocorrência de falhas, tanto durante a produção, quanto no pós venda. A conseqüência reflete-se na diminuição de retrabalhos, trocas e reclamações de clientes.

Vale lembrar que a comunicação entre a cadeia produtiva têxtil e os setores de confecções e varejo, é bastante carente, apesar destes viverem uma espécie de simbiose, onde a sobrevivência de cada um está diretamente relacionada ao outro.

A falta de informação e comunicação, agrava-se quando vamos analisar o varejo, onde as equipes de vendas, sentem falta desta sinergia com as próprias equipes internas de desenvolvimento de produtos e compras. Imagine então com o restante da cadeia têxtil. Não raramente, encontro gerentes de lojas e vendedores com pouco ou nenhum conhecimento sobre uso de materiais, costuras e acabamentos. Justo estes que se comunicam com quem faz o setor mover-se: o consumidor.

Neste contexto, além da venda acabar sendo prejudicada, o mesmo ocorre com o pós venda, quando o consumidor sente necessidade de realizar alguma troca ou fazer alguma reclamação. Dificilmente a equipe de vendas consegue oferecer uma resposta precisa, na maioria das vezes tendo que retornar o produto à fábrica para que seja dada uma resposta adequada ao cliente. Nisto passaram-se dias, com idas e vindas de peças, pessoas manuseando, sem falar na espera e retorno do cliente à loja.

O varejo acaba perdendo a chance de reduzir custos, valorizar seus produtos e fidelizar um maior número de clientes, pela simples falta de conhecimento e treinamento sobre tecnologia têxtil. Ambientação, atendimento, marketing, design, ajudam sim a vender. Conhecimento sobre produtos têxteis também. Tudo isto faz parte da experiência de compra.


Fica aqui essa reflexão. Bons desenvolvimentos e Boas vendas! 
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carla@anme.com.br.
Por: Carla Angelini
Engenheira textil, proprietária e consultora da empresa ANME

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