quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Falta ousadia aqui"


A falta de ousadia foi o apontamento que mais chamou a atenção dos profissionais da moda que participaram da palestra, em huis clos, com o empresário francês Armand Hadida, proprietário da multimarcas L´Eclareur e responsável pelo Tranoï - que significa "entre nós" -, evento que reúne uma seleção dos melhores designers juntamente com os principais movimentos artísticos e acontece quatro vezes por ano junto com às Semanas de Moda de Paris. O principal objetivo do salão é aliar criatividade a negócios.

Para isso a indústria têxtil e da moda precisará alavancar, urgentemente a qualidade em todos os processos, elevar os níveis de credibilidade onde se incluem prazos, um desenvolvimento criativo descolado das academias européias e investimentos em tecnologia.

Há muitos anos a ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção vem discutindo com as principais entidades e empresários do setor a exportação como inteligência comercial. Em parceria com a APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos criaram o Programa Texbrasil voltado à elaboração de estratégias para a cadeia têxtil brasileira. A partir de junho de 2011, em comemoração aos 15 anos da SPFW dois novos eventos farão parte do calendário da semana da moda paulista: "Um des Cents" e o "Salão de Design", ambos com parceria do francês Hadida. O primeiro reunirá os cem melhores estilistas brasileiros e o outro será uma mostra focada em designers e galerias reunindo moda e design. Ambos com foco estratégico em negócios, ou seja, a contínua busca por um melhor formato de fashion business.
Moda como bem tangível precisa de política industrial
Talvez aí seja o início para que o Brasil – leia-se empresários e empreendedores do setor -, corrija o passo e efetue o percurso em direção aos negócios com os pés mais firmes no chão. Somente com resultados reais o setor poderá exigir do governo as alterações tão necessárias para atingir melhores níveis no ganho da competitividade global. Complementando os investimentos que vêm sendo disponibilizados pelo governo há mais de dez anos para o setor, agora é a vez da iniciativa privada fazer a sua parte: investir em pesquisas, em design, na inovação de gestões, em tecnologia, capacitação e preparação de mão de obra especializada.

Insights de moda com características de brasilidade e almejada por outros mercados como muitos dizem, até pode existir. Agora, produto de vestuário de acordo com as conformidades internacionais e com volume de produção capazes de atender a demanda, ainda falta muito para isso acontecer. Temos o mercado brasileiro como um dos maiores e mais cobiçados do mundo sendo 92% de toda a produção de artigos de vestuário do País voltada a atendê-lo. Essa facilidade vem criando um "pseudo estado de satisfação e conforto" e faz com que ainda não lancemos um olhar para novos negócios no setor que representa, nas condições atuais, 30 mil empresas, 1.650 milhão empregos diretos, US$ 35 bilhões de faturamento em 2007, 2º maior gerador do primeiro emprego e 2º maior empregador formal e com maior potencial dentro da indústria de transformação brasileira.

Um dado que demonstra a necessidade de mudança de atitude: hoje o Brasil participa apenas com 0,5% do comércio mundial de têxteis e de confecções.

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