terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Crise mundial: ameaça ou oportunidade para o mundo da moda?


A crise mundial mais famosa e menos fashion, já mostra seus efeitos nos negócios de moda aqui no Brasil, Isso é um efeito-dominó, não sejamos ingênuos... O estilista Francisco Costa, da Calvin Klein disse, em entrevista à Folha de São Paulo, que notou que as lojas têm estado vazias em Nova Iorque há um mês. Afirmou ainda que, tanto a Saks quanto a Bergdorf Goodman, apresentaram uma queda de 43 % em suas vendas.

E não precisa ser nenhum expert em economia pra notar que as vendas despencaram por aqui também, lojas já começam a fechar as portas, eventos de moda diminuíram drasticamente neste ano e todos os segmentos midiáticos, onde diversos profissionais da moda atuam, estão com suas verbas estouradas ou redimensionadas (pra menos), liquidações começando mais cedo - e isso não é crise?

Sem querer apavorar ou mesmo desanimar os empresário, reproduzo aqui parte da pesquisa realizada pelo portal "Use Fashion", que entrevistou mais de 700 pessoas do setor para saber como a crise mundial está afetando o mundo da moda no nosso país:

"Ciente da importância da atual conjuntura, a UseFashion, referência nacional no que diz respeito a informação estratégica de moda, ouviu profissionais do setor em uma pesquisa inédita no país. Vale lembrar que a crise financeira global, iniciada nos Estados Unidos, pauta as principais capas de revistas e telejornais, mas seus efeitos no mercado de bens não-duráveis, que inclui a moda, ainda não estão claros.

Entre 28 de outubro e 4 de novembro, 748 usuários do usefashion.com de todo o Brasil responderam a 11 perguntas e apresentaram suas visões de oportunidades e desafios para o biênio 2009/2010, traçando uma radiografia do panorama nacional.

A amostra foi composta por 318 fabricantes de produtos prontos, 172 prestadores de serviço, 171 varejistas, 61 estudantes, 15 indústrias de matéria prima e de maquinário e 11 indústrias de componentes. Cerca de 60% trabalham com vestuário feminino, 34% com vestuário masculino, 23% com vestuário infantil. Além disso, 34% indicaram atuação em acessórios, 20% em jeans, 25% em bolsas e 26% em calçados (foi possível marcar mais de uma alternativa, por isso a soma das porcentagens ultrapassa 100%).

Quase metade dos entrevistados concluiu que a crise já impactou negativamente seu negócio (368 respostas). Em grande parte, isso acontece devido à redução na oferta de crédito, segundo 38% da amostra. A perspectiva para o futuro, contudo, é promissora.

Enquanto que 345 respondentes ressaltaram que a projeção para os próximos dois anos não foi alterada, 121 afirmaram que o cenário pós-crise é melhor que o que tinham antes. Apenas 282 pessoas, 38% da amostra, consideraram que a crise piorou o cenário para seus negócios em 2009/2010.

Oportunidades e ameaças

O setor de moda está se voltando para o mercado interno. Dos respondentes, 53% consideram que as melhores oportunidades para os negócios de moda estão no Brasil, e 33% destes acreditam que é justamente no Brasil que estarão os principais concorrentes. Por ordem de mercados a serem explorados, também aparecem Europa (20%), Ásia (13%), América Latina (7%) e a combalida América do Norte com (3%).

Além do Brasil, os concorrentes tendem a vir da China (68%), Índia (18%), Estados Unidos (6%), Vietnã e Itália (5%), entre outros (novamente, a soma pode ultrapassar 100%). Entre os países menos mencionados estão Tailândia e Bangladesh, lembrados pelas empresas de matéria prima/maquinário.

Informação estratégica de moda

Em tempos de incertezas, os 748 respondentes da pesquisa consideraram que os sistemas de informação de tendências de moda são relevantes ou muito relevantes (18% e 58%, respectivamente). Apenas 13 respondentes afirmaram que essas fontes de pesquisa são irrelevantes.

Moda no Brasil

Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria brasileira de moda emprega mais de 1,65 milhões de pessoas - respondendo por 45% dos empregos da indústria do país. Além disso, a área contribui com 13,5% do PIB Industrial Brasileiro.

Caminho: Grau Zero

Como já anunciava a Megatendência Austeridade, para o Inverno 2009, o quadro de incertezas globais se consolida de vez na nova Megatendência Grau Zero, em que o interesse é traduzir a situação por meio dos hábitos de consumo. Mas de que maneira a moda vai reagir esteticamente a estas conjunturas adversas? Que cores, materiais e modelagens melhor representarão o momento atraindo o olhar do consumidor?

Segundo nossa equipe de pesquisa, as respostas estão sendo desenhadas há muito tempo com o estilo de roupas sóbrias e técnicas restritivas, se configurando, em alguns casos, na obtenção de máxima expressão com mínimos recursos. Outro valor ascendente, conforme a Megatendência, aponta que entre consumidores de maior poder aquisitivo e escolaridade, cresce a preferência pela não ostentação.

A percepção de valor dos objetos se estende à capacidade que têm de se articular com a cultura, design, arte, meio ambiente, entre outros. Com isso, a primeira frente afetada pode ser associada à ética, implicando em reflexões sobre consumo consciente, desperdício e acessibilidade mais democrática à moda."

Diante de todas essas incertezas, o que parece claro, é que a relação dos consumidores com a moda está mudando, mas isso pode não ser de tudo ruim e, apenas, apontar que é a hora da moda se reinventar...

Reinvente-se e bons negócios!

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